O Mercado Ferreira Borges foi designado com este nome com o intuito de homenagear um dos portuenses mais ilustres do século XIX, Ferreira Borges, que desempenhou um papel preponderante na revolução de 24 de Agosto de 1820.
O edifício, datado de 1885, por iniciativa da Câmara Municipal do Porto, tinha por objectivo substituir o velho Mercado da Ribeira, função que, praticamente, nunca chegou a cumprir. As obras ficaram concluídas em 1888, mas, 12 anos depois, em 1900, a Câmara verificava que o mercado não oferecia já boas condições para o público, discutindo-se então o destino a dar a esta estrutura. A verdade é que comerciantes, vendedores e público em geral não se afeiçoaram ao novo mercado, recusando-se a abandonar o secular mercado da Ribeira.
Em 1904, entre as várias propostas sugeridas para o mercado, contava-se a de o adaptar a Museu Municipal ou de o transformar mesmo em jardim de Inverno, com valência também para exposições e festas elegantes. Essas ideias não vingaram na altura; mas, volvido quase um século, o Mercado Ferreira Borges está a ser utilizado para as mais diversas actividades culturais, depois da profunda remodelação a que foi sujeito, em 1983, inteiramente subsidiada pela Fundação Calouste Gulbenkian, em regime de mecenato cultural.
Construído com materiais facilmente deterioráveis (ferro e vidro), o mercado foi-se degradando com o tempo. Tanto mais que, durante um longo período, esteve praticamente abandonado, servindo, entretanto, para vários fins. Chegou mesmo a estar nele instalada uma força do exército, arrecadando também material de guerra. Num anexo, do lado norte, funcionou uma cozinha para fornecer a chamada «sopa económica». Foi ainda garagem e armazém de retém. Nos anos 50, começou a ser utilizado pela Junta Nacional das Frutas, que nele instalou o Mercado Abastecedor de Frutas do Porto, acentuando-se a sua decadência. No fim dos anos 70, com a inauguração do Mercado Abastecedor de Chaves de Oliveira (em 1979), o Ferreira Borges voltou a ser abandonado. Em 1983, a Câmara Municipal, através do Comissariado para a Renovação Urbana da Área da Ribeira/Barredo (CRUARB) procedeu à recuperação da estrutura, um século depois da sua construção. Curiosamente, a renovação deste velho mercado foi feita pela mesma empresa que o construiu - a Companhia Aliança (Fundação de Massarelos).
Contudo, o mercado nunca mais voltou a desempenhar a sua vocação inicial. Este belo espaço, representativo da arquitectura portuense do ferro e do vidro é hoje sede do Hard Club.
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